Nilton Souza - Fotógrafo de Arquitetura, Indústria e Arte

Aluno da Escola Cruzador Bahia, onde teve do que se orgulhar durante todo curso primário, pelas notas grandiosas nas provas finais. Relíquia guardadas até hoje.

Já vivendo em Salvador, com 12 anos e após passar pelo exame de admissão tornou-se aluno do SENAC, escola focada na formação comercial, preparando os discípulos para o trabalho em lojas. Lá se tinha acesso ao aprendizado de inglês, datilografia e até embalagem para presentes.

Origem

Aos quase 15 anos, a sua vida já ganha o ritmo que deixaria claro qual seria o destino desse jovem.

Na FLACOL, ele entrou como office boy, saindo como encarregado do setor pessoal administrando mais de 60 funcionários. Interessado em tudo que faz ele começou a ler a Legislação Trabalhista e em 1966 o FGTS.

Morando na Saúde , acordando sempre muito cedo, seguia sua jornada diária com retorno ao lar sempre às 22h. Depois de galgar uma bela caminhada descendo ladeiras, até chegar ao ônibus que o levaria ao seu destino. Que era a FLACOL, empresa de mármores no bairro da Calçada. A rotina não parava por aí , pois depois dos dois turnos trabalhados, tinha aula no SENAC.

Saindo da FLACOL, fui ser responsável pela organização da Construtora de Estradas pertencente à Família José Vicente da Silva, um ou dois anos depois, mudei da Beirette, para uma PENTAX K1000, comprada na Casa Lamar, bairro do Comércio.

Revelava os filmes P&B na ZITO na época localizada na rua Chile. A minha curiosidade para ver, na quarta-feira, as fotos reveladas que foram capturadas no final de semana, era gigante. Esperar na fila e ainda esperar o abrir da porta do Elevador Lacerda, para subir, dava até agonia.

Onde Cheguei

Comecei a fotografar, famílias, filhos de médicos, engenheiros... e todos se encantavam, tinha a minha maneira de bem enquadrar, aplicava em álbuns que tinha páginas semi-duras que grudavam as fotos e ainda tinha um filme que, para proteger, sobrepunha nas fotos. Muitas páginas tinham 3 ou 4 fotos bem arrumadas com cortes e bom enquadramento.

No mesmo andar onde sediava a CJV, havia uma mineradora, a MAGNESITA que estava inaugurando, numa área do porto, um terminal para abastecer navios com os minérios. Sabendo do evento ofereci o meu trabalho de fotógrafo para documentar a inauguração. Para minha surpresa quando apresentei as fotos que capturei na inauguração, esperando vender umas 40, pediram-me bem mais de 200.

Ainda trabalhando na construtora, já a mais de 5 anos, fui no escritório de um Consórcio, junção da Brasileira, Mendes Junior e da francesa Campenon Bernard, que estava iniciando, na nossa BTS, a construção de Plataformas de Petróleo.

Chegando lá olhei para uma placa que estava pendurada na parede, com várias fotos das obras, falei então para o Francês, faço fotos melhores que estas. Ele retrucou, prove e faça-me uma proposta. 

Fiz a proposta anexando as fotos que fiz para provar o meu padrão de qualidade e ele aprovou de pronto. E assim, semanalmente fotografava o acompanhamento da obra, até com fotos aéreas feitas com avião monomotor, o famoso Teco-Teco.

Momento de transformação

Chegou o momento de me despedir da CJV, mas ao informar a minha saída, me comprometi de colocar alguém no meu lugar. 

Essa transição durou mais que um mês.

Consegui um amigo que tinha certa experiência em legislação trabalhista, contabilidade e pronto...

Todos os arquivos, de tudo que fotografei, estão super organizados, lacrados e guardados em especiais embalagens de acrílico preto protegidas mofo, provocado pela alta umidade de nosso litoral. Com a tecnologia digital os meus arquivos, que nem armazeno em “nuvens”, eu considero que a única possibilidade de perdê-los seria um meteoro cair afetando os Bairro do Cidade Jardim e Bairro do Rio Vermelho.

No início da minha caminhada profissional, me tornei parceiro da Fotóptica- São Paulo, para revelar as fotos coloridas. E a logística de trânsito de filmes e cópias, ficava por conta dos Correios, acontecia segunda, quarta e sexta-feira.

Com o crescente aumento da demanda resolvi investir num ótimo laboratório, e foi assim que aluguei um prédio de três andares, montando um laboratório com ampliadores, máquina de revelação e vários equipamentos sofisticados, montando uma empresa com mais de vinte funcionários.

Os principais clientes eram Construtora Norberto Odebrecht, OAS e muitas outras que precisavam registrar suas obras por todo o Brasil.

A chegada das impressoras digitais encerrou as atividades no laboratório químico na Joana Angélica, dando lugar ao estúdio na Avenida Garibaldi, onde imprimia, laminava, montava e até emoldurava em alumínio, inclusive para outros fotógrafos e clientes que traziam os arquivos digitais ou até negativos para digitalizar e imprimir nesta nova tecnologia.

Passaram-se quase 10 anos e resolvi comprar duas salas no bairro do Rio Vermelho onde operamos com uma impressora ainda mais atualizada em qualidade imprimindo com 12 cartuchos de tintas de pigmento mineral que permite as cores durarem, em ambientes internos, por no mínimo 100 anos, conforme o laboratório.

Grandes feitos e reconhecimentos

No ano de 2009 lancei o meu primeiro livro com 5.000 exemplares: Salvador Aérea tendo a UFBA como Editora e Diagramadora. Este foi enviado para duas grandes bibliotecas do mundo: de Harvard e British Library de onde recebi, e tenho emoldurados na parede, dois especiais elogios. Uma segunda edição foi tirada e já esgotada de 3000 exemplares, já tendo Nilton Souza Fotografias Ltda, como editora.